quinta-feira, 21 de abril de 2011

                           
                 EUROPA, FRANÇA E BAHIA – Diário de viagem


        
Logo após regressar de um pequeno giro pela península ibérica, visitando as nossas raízes latinas em Portugal e Espanha assisti, num noticiário de TV, que só em São Paulo morrem mais de mil e seiscentas pessoas por ano por atropelamentos, sendo que a maioria, cerca de seiscentas, é de pedestres, seguindo-se os motociclistas. E lembrei-me que em Madrid, ou em Lisboa, os pedestres atravessam rigorosamente na faixa reservada a eles que, diferentemente do que acontece nas nossas ruas, existem. E só atravessam quando o sinal o permite. E os motoristas não ficam acelerando, ou buzinando, apressando os pedestres. Esperam civilizadamente até que o ultimo pedestre complete a sua travessia. Talvez se seguíssemos esta regrinha simples, não ocupássemos a posição de destaque que ocupamos, no ranking das mortes no trânsito. Isto só para exemplificar o quanto nos falta em termos de cultura e civilidade, para nos aproximarmos dos países considerados de primeiro mundo. E nem pense em sair pela rua com uma latinha de cerveja na mão. Meu filho fez isso e levou um puxão de orelha de um policial.
          Outra coisa que me chamou muito a atenção, foi a limpeza. Talvez porque eu more na Bahia, onde na maioria dos logradouros públicos, esse quesito não seja levado muito em conta. Dificilmente se vê um papel ou ponta de cigarro na rua. Há lixeiras espalhadas por todos os cantos e, como não costuma acontecer por aqui, são usadas. Pichações? Confesso que vi uma, discreta, na Gran Via em Madrid. Aquelas praças e monumentos belíssimos, são cuidados e respeitados por todos os cidadãos. Que pena que não tenhamos essa mesma noção de cidadania, e a concepção de que tudo o que é público, é patrimônio de todos! E que a conta da manutenção, ou recuperação, é paga por todos.
          Mas será que educação e civilidade são virtudes ou atributos apenas dos cidadãos do primeiro mundo? Não acredito nisso. E não acho que as pessoas precisem conhecer outras culturas para se comportarem como cidadãos. Mas acho que os nossos administradores, que volta e meia estão sassaricando pelos quatro cantos do mundo, deviam importar de lá as boas idéias. Como é o caso do pedágio. Ao percorrer a auto estrada A1 Norte, de Lisboa em direção a Fatima, retiramos um bilhete emitido eletronicamente no início do percurso, e só fomos resgatá-lo ao final da viagem, pagando o preço proporcional aos cerca de 110 quilômetros rodados. Enquanto aqui, eu pago por 6 quilômetros rodados na Linha Verde, o mesmo que paga um veículo que roda 200 quilômetros até a divisa da Bahia com Sergipe. Será que as nossas autoridades não conhecem o sistema de lá, ou apenas usam de esperteza, no trato com os ontribuintes?
         Como podem perceber, não é a convivência com a cultura diferente que molda as pessoas, e muito menos os nossos viajantes administradores. Caso assim fosse, não teríamos em Salvador, o casario e os monumentos históricos, patrimônios da humanidade, reduzidos a ruínas ou escombros. Como no entorno do Elevador Lacerda, só para citar uma situação gritante, onde a degradação, decorrente do descaso, ameaça inclusive a vida dos passantes. Quanta diferença do que vi em Madrid e Lisboa!
         Mas, fazer o quê? Este é o meu país, este é o meu povo e estes são os governantes que elegemos. A maioria oriunda deste próprio povo. Façamos a nossa parte e façamos melhor as nossas escolhas. Talvez um dia, sabe-se Deus quando, possamos atingir um nível mínimo e aceitável de civilidade. Sem isso, não adiantará muito sermos uma grande e forte economia. Seremos sempre vistos como uma república de bananas!

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