quinta-feira, 17 de março de 2011

A MAGIA DO CINEMA – Cinema Paradiso


IMAGEM GOOGLE


A MAGIA DO CINEMA – Cinema Paradiso


Vem de muito longe a minha paixão pelo cinema. Deve ter começado quando eu tinha cerca de oito anos, quando o meu olhar de criança contemplava extasiado aquelas imagens produzidas por um velho projetor de 16mm, que vez por outra aparecia, trazido por pastores batistas, à minha pequenina cidade de Buritizeiro no interior das Gerais. Eram sempre filmes bíblicos, a nos atemorizar com a ameaça do fogo do inferno.
         Depois vieram as inesquecíveis sessões de cinema, no Cine Paratodos, no Avenida ou no cine Vitória, na vizinha cidade de Pirapora. Como o Totó, de Cinema Paradiso, eu freqüentava a sala dos projetores, e a amizade com o projecionista me garantia algumas partes das películas que eram recortadas. 
         Vem das salas de cinema, daqueles momentos que antecediam o apagar das luzes, a minha paixão por trilhas sonoras. Adorava o silencio das salas, para ouvir as tais musicas “orquestradas” Algumas delas ainda hoje ressoam na minha mente.    
          Então as luzes se apagavam e, na telona, Charlton Heston, heróico no papel de Judá Ben-Hur; Stephen Boyd, vivendo o seu algoz Messala; Franco Nero, imortalizando Django na minha memória; Jefrei Hunter vivendo Jesus em O Rei dos reis; Omar Sharif, dividindo o seu amor entre duas mulheres em Doutor Jivago ao som do Tema de Lara de Maurice Jarre, e os inesquecíveis tarzans, vividos por Johnny Weissmuller ou Gordon Scott: “mim Tarzan, você Jane”!
         Depois veio a ansia de completar os quatorze, para poder ter acesso aos filmes mais “quentes” e a ansia dos dezoito, para os filmes adultos. Depois... depois veio a televisão e o início da decadência. E aquelas amadas salas de fantasia foram sendo fechadas, cedendo lugar a lojas ou igrejas das novas religiões.
         Ao ver Cinema Paradiso pela primeira vez, emocionei-me ao ponto das lágrimas, ao rememorar aquele tempo, em que fui definitivamente tomado pela magia do cinema. Impossível, para quem gosta de cinema, não se emocionar e deixar cair algumas lágrimas, na cena em que o filme é lentamente deslocado da tela para a parede de uma casa, na praça. Ou na cena da implosão do Cinema Paradiso ; ou ainda no reencontro de Totó, já um cineasta famoso, com os personagens da sua infância. Cinema Paradiso, de Giuseppe Tornatore, talvez seja o filme que mais representa e sintetiza a emoção e a magia da sétima arte. E como se não bastasse, tudo transcorre sob a batuta do mestre Ennio Morricone, autor da trilha sonora.
Hoje, a grande maioria das cidades já não possui salas avulsas de cinema, mas a magia continua, em grandes complexos nos Shoppings ou na intimidade dos lares, em telinhas cada vez maiores e som surround dos home teather. Que bom, que a tecnologia não tenha matado o cinema, como previsto, mas tornado mais democrático e universal o acesso a ele. Embora nada substitua o prazer e a emoção da telona!

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